Sabemos que o cérebro deve receber estímulos para a criança desenvolver suas potencialidades, mas também ela deve aprender noções de limites e valores desde a primeira infância.
O avanço dos estudos científicos sobre o cérebro constatou que nele há uma área responsável pelos COMPORTAMENTOS E EMOÇÕES.
Como o cérebro reage de maneiras específicas, a repressão pode tornar a criança apática e insegura, assim como pode torná-la agressiva. Já a liberdade exagerada gera o sentimento de abandono e de não ser amada.
A Neurociência atesta que a criança agressiva, que provavelmente será um adulto agressivo, tanto pode estar sendo reprimida como recebendo liberdade excessiva.
Por isso, os estudiosos são unânimes em afirmar que o meio termo sempre promove as reações do cérebro mais adequadas.
Assim sendo, com base nas teses científicas e sociais, limites são regras, são normas, que tornam a vida de todos mais fácil, inclusive da própria criança.
Como pais e educadores devem proceder para influir positivamente no desenvolvimento comportamental e emocional da criança?
A resposta dos cientistas, apesar de parecer simples, requer treino do próprio educador, que precisa oferecer à criança liberdade com limites. Essa inserção deve ser feita de forma natural e bem agradável com a criança pequena já na Educação Infantil. Brincadeiras e atividades lúdicas bem selecionadas para ela seguir as regras, esperar sua vez, respeitar a vez do colega, vivenciar o perder no jogo, etc., são exemplos de bom procedimento educacional.
Não resta dúvida de que a criança precisa se sentir amada, ser ouvida e receber atenção, mas também precisa aprender a esperar um tempo e reconhecer quando no momento isso não é possível.
Esses aprendizados são fundamentais para um comportamento equilibrado, útil para toda a sua vida.
Como dizia o psiquiatra, escritor de livros sobre Educação e palestrante, Dr. Içami Tiba, “quem ama educa”, enfatizando a necessidade de amar e de ensinar limites.
Da mesma forma, o neuropsiquiatra norte-americano, Dr. Daniel J. Siegel, autor do livro “O cérebro da criança”, menciona que pais e educadores de crianças da fase da Educação Infantil, com carinho, paciência, perseverança, díálogos sobre “os combinados”, imposição de limites acessíveis e bons exemplos, ajudam sobremaneira o processo de amadurecimento das inteligências emocional e social.
E o Colégio Piaget, como atua para ensinar limites?
Um departamento da nossa escola que se dedica a orientar alunos e pais sobre comportamentos e emoções é o SOE (Serviço de Orientação Educacional).
Além de conversas frequentes e dinâmicas socioemocionais realizadas em sala de aula com as turmas, existe o atendimento individualizado com os pais para orientações. Também o SOE organiza palestras na escola, com profissionais especialistas, a respeito de temas relevantes sobre como educar, como atuar adequadamente para beneficiar o aprendizado cognitivo, social e emocional da criança. Mesmo com o isolamento social, as palestras para os pais continuaram de modo on-line.
E o SOE nunca foi tão necessário como agora, na época das aulas a distância. Por e-mail, em encontros virtuais com os pais ou mesmo em conversas por Whatsapp, as orientadoras educacionais, deram instruções, táticas psicológicas para que as crianças e os pais se adaptassem a esse novo formato de estudo.
A direção da escola, os coordenadores e os professores também assessoraram as famílias, para que seguissem padrões, normas, rotinas.
Na verdade, a escola passou para os pais e as crianças noções de limite e disciplina: seguir os horários indicados das aulas (mesmo que estas ficassem gravadas e pudessem ser vistas depois); divisão estabelecida do tempo – hora de brincar, hora de estudar, hora de ajudar em casa (mesmo que fosse uma tarefa mínima, como arrumar o material de estudo ou os próprios brinquedos); hora de dormir e hora de acordar.
Resultado: muitos pais elogiaram as orientações e disseram que as crianças estavam demonstrando melhora na organização e maior produtividade nas tarefas escolares.
Os pais gostaram tanto das sugestões da escola para criar uma disciplina de estudo, que alguns usaram da criatividade e se superaram: passaram a colocar o uniforme escolar nos pequenos para eles entenderem que era hora da aula.