Cuidar da saúde e do próprio corpo geralmente é a primeira opção de resposta, porém os benefícios vão muito além disso.
O embasamento teórico a seguir pode sustentar a afirmação acima. De acordo com WALLON, a aprendizagem é uma atividade que reúne o sentir, o pensar e o realizar no ato motor, pois o pensamento e a ação motora são indissociáveis. Para PIAGET, aprender somente acontece quando ocorrem ações físicas ou mentais sobre os estímulos recebidos. A PSICOMOTRICIDADE, ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento, acredita que o desenvolvimento das crianças acontecem de maneira integrada nos aspectos cognitivos, afetivos, sociais e motores.
Os desafios que o esporte proporciona durante sua prática necessitam de tomadas de decisões para escolher qual a resposta mais adequada. Com isso, o intelecto entra em ação para encontrar “o que fazer” e “como fazer”, uma vez que erros e acertos são possibilidades reais.
Para ilustrar o que foi escrito até aqui, será citado um diálogo entre dois pais, no qual seus filhos estavam participando de uma partida de futebol mirim: “Porque você gasta dinheiro com treinos, campeonatos e passa tanto tempo correndo, apenas para ver seu filho jogar futebol?”
Calmamente, o outro pai responde: “Bem, eu tenho uma confissão a lhe fazer: Eu não pago para ver meu filho jogar futebol!”
Surpreso com resposta, insiste: “Então, se não paga para ele treinar e jogar, o que está pagando?”
Eis a resposta: “Eu pago por aqueles momentos quando meu filho está tão cansado e sente que quer desistir, mas não desiste.
Eu pago pela oportunidade que meu filho pode ter em fazer amizades duradouras.
Eu pago pela oportunidade de que ele possa ter incríveis treinadores que possam lhe ensinar, não apenas sobre o jogo em campo, mas sobre o jogo da vida.
Eu pago, também, para meu filho poder aprender a ser mais disciplinado.
Eu pago para que meu filho aprenda a cuidar do corpo dele.
Eu pago para meu filho poder aprender a trabalhar com os outros e ser um orgulho, solidário, gentil e um respeitoso membro da equipe.
Eu pago para meu filho aprender a lidar com a decepção, quando ele não ganhar ou errar um movimento, embora ele tenha praticado mil vezes, mas ainda assim, que erga a cabeça para fazer melhor da próxima vez.
Eu pago para meu filho aprender a fazer algo e alcançar objetivos.
Eu pago para meu filho poder aprender que demora horas e horas e horas e horas de trabalho árduo e muita prática, para tentar ser um campeão, e que o sucesso não acontece da noite para o dia.
Eu pago para que o meu filho possa estar em campo, ao invés de ficar envolvido com coisas erradas.
Eu poderia continuar, mas para ser breve, eu não pago para ele treinar nem jogar, eu pago as oportunidades que o esporte proporciona para meu filho desenvolver atributos que servirão para o bem de toda a sua vida e lhe darão a oportunidade de abençoar a vida de outros, respeitando todos os espaços.
Pelo que tenho visto por muitos anos, acho que é um grande investimento.
E isso, é o que posso deixar para ele e para sociedade.”
O diálogo acima foi amplamente divulgado nas redes sociais, e o autor é desconhecido. Certamente, enquadra-se em qualquer modalidade esportiva.
Talvez a resposta mais apropriada seja aquela que proporcione a construção de saberes durante todo o processo, sendo esta a conquista mais valiosa, transformando as possíveis medalhas e troféus em recordações da jornada e do empenho empregado.