A nossa escola se preocupa em oferecer aos pais palestras com profissionais especializados para que todos nós, juntos, possamos receber informações relevantes, debater, refletir e desenvolver ações que beneficiem a boa evolução socioemocional das nossas crianças e jovens.
Assim, no dia 13 de setembro, ocorreu uma palestra destinada aos pais dos alunos da Educação Infantil. As psicólogas Ana Mediolaro e Mariângela Rivera discorreram sobre o tema “A importância das rotinas, regras e limites no desenvolvimento infantil”.
Em um bate-papo informal, elas evidenciaram que, para bem educar, o ideal não é a falta de liberdade, nem a liberdade sem controle, mas sim a liberdade com limites.
Por que determinar limites?
As psicólogas explicaram que a determinação de limites é essencial para a formação da criança desde cedo. Quando ela não entende limites, dificilmente segue regras, o que gerará seu próprio sofrimento no futuro. Sem limites, a criança cresce com uma deformação na percepção do outro, ou seja, ela não vai entender o outro nem respeitá-lo.
Já, ao estabelecer limites, os pais estão ensinando à criança habilidades importantes que vão ajudá-la em todas as áreas, tanto na vida pessoal quanto na profissional.
Na conversa, as palestrantes deixaram claro que é necessário oferecer à criança muito amor e também liberdade para suas descobertas e desenvolvimento de suas potencialidades. Mas enfatizaram que a liberdade descontrolada é negativa para uma evolução sadia, e que se deve estimular na criança o seguimento de normas e combinados, para que ela, vivenciando uma liberdade com limites, aprenda a se autorrespeitar e a respeitar o outro.
Rotina Diária
Muito se conversou, no encontro, sobre a contribuição da rotina diária para a proposta de liberdade com limites.
A rotina, como as psicólogas esclareceram, deve ser estabelecida ainda na primeira infância, com tarefas a cumprir, inclusive para a organização do ambiente familiar (brinquedos, roupas, materiais escolares), e com horários definidos para a alimentação, o lazer, o estudo e o sono.
E salientaram que cabe à família estabelecer uma rotina durante a maior parte do tempo, e fazer com que as normas ou combinados realmente sejam cumpridos. Assim, a criança, entendendo que está colaborando com a família e sabendo de antemão o que vai acontecer, ganha segurança, autonomia e senso de responsabilidade.
Mas não faltou a explicação de que os comportamentos rotineiros podem sim e até devem ser quebrados em parte nos finais de semana ou nas férias. O difícil para a criança é assimilar constante variação de procedimentos. A mudança, sendo esporádica, é bem aceita e compreendida pela criança.
A comunicação
A rotina planejada, com base nas normas e combinados, precisa ser bem assimilada pela criança. Por isso, as psicólogas aconselharam os pais a manterem constante diálogo. Disseram que, além disso, é fundamental saber como falar com a criança, sempre com tom de voz baixo, mas firme e seguro. E deram algumas dicas: manter uma postura serena, sem gritos, mesmo quando a criança estiver numa situação de rebeldia ou choro; acolhê-la; esperar que se acalme para conversar com ela olhando nos olhos; deixar que ela, já tranquila, explique como se sente.
Outra sugestão que elas apresentaram foi a confecção de cartazes com as ações rotineiras em forma de desenhos, para reforçar os combinados e certificar-se de que a criança está entendendo.
Armadilhas
“Armadilhas” foi como as psicólogas chamaram alguns pensamentos enraizados que nos impedem de agir adequadamente e nos fazem ceder às vontades da criança, contrariamente aos “combinados” definidos.
Elas citaram que pode acontecer de querermos nos “realizar” no lugar da criança, ou seja, de desejarmos sentir ou conquistar algo que não pudemos no passado, e assim, fazendo essa transferência, damos a ela liberdade excessiva.
Outro exemplo dado foi que, até sem perceber, podemos estar decidindo sobre as escolhas da criança por almejarmos que ela seja do jeito que queremos ou que siga um determinado caminho também do nosso desejo.
Disseram, também, que é comum sentirmo-nos “culpados” por diversos motivos, entre eles o de termos pouco tempo para estar com a criança. E, pela necessidade de agradar, acabamos cedendo às suas birras e exigências.
Outra armadilha citada foi o medo de dizer não para continuarmos a ser amados pela criança.
Então, as palestrantes aconselharam que redobremos os esforços para nos livrar dessas armadilhas e sigamos com serenidade a nossa meta de: transmitir amor; determinar e cobrar as normas; reconhecer, valorizar e elogiar os bons comportamentos da criança; e respeitar a individualidade dela.
Seja o exemplo
“As atitudes dizem mais do que as palavras.” foi um sábio ditado a que as palestrantes recorreram durante o encontro.
Mencionando situações, elas destacaram que a criança, desde muito pequena, segue exemplos, imitando as atitudes dos pais, irmãos mais velhos e outros adultos com quem convive. É dessa maneira que vão sendo construídos os seus hábitos e maneiras de agir.
Assim, estabeleceram o papel decisivo dos comportamentos cotidianos dos pais na formação dos valores dos filhos. Pais calmos, que dialogam, que sabem ouvir, que respeitam as pessoas estão, pelo exemplo, ensinando os filhos a se comportarem de modo semelhante.
Sugestões de Leitura
A palestra se encerrou com a indicação de boas leituras sobre a “liberdade com limites”:
“O cérebro da criança”, de Daniel J. Siegel e Tina Payne Bryson
“Disciplina positiva”, de Jane Nelsen
“Crianças francesas não fazem manha”, de Pamela Druckerman