No dia 26 de agosto, ocorreu o InterAgir, um evento de troca de experiências entre o Piaget (Colégio e Sistema Multimídia) e os nossos parceiros — professores, coordenadores e gestores — das diversas escolas espalhadas pelo Brasil que trabalham conosco e são integrantes COMUNIDADE PIAGET.
Esse encontro anual compõe-se de palestras, oficinas, workshops, bate-papos, reflexões, sempre visando promover novas ideias e propostas educacionais.
Neste tempo de pandemia, o InterAgir ocorre de forma on-line. Desta vez, oferecemos aos nossos parceiros a possibilidade de entrarem em 5 SALAS TEMÁTICAS, cada uma delas com várias apresentações.
As SALAS TEMÁTICAS foram: Gestão Escolar, Tecnologia, Metodologias Ativas, Inteligência Emocional e Protagonismo Discente. Assuntos variados, mas todos eles abordando CASOS DE SUCESSO, ou seja, atitudes e atividades que tornaram possível o ensino-aprendizagem nas aulas a distância, depois nas aulas híbridas (revezamento de alunos em aulas na escola e aulas em casa) e, agora, nas aulas presenciais para a maioria dos alunos.
Vamos mencionar como foi o nosso InterAgir na SALA TEMÁTICA 4, com o tema centralizador “PROTAGONISMO DISCENTE”.
Case 1- OFICINA PEDAGÓGICA – SUPERANDO DESAFIOS
A professora Thatiana Rett Nicolau, do Colégio Piaget, apresentou um caso de sucesso nos 1os anos do Ensino Fundamental, que foi o protagonismo dos alunos por meio da LUDICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO.
Ela explicou que, em 2020, as professoras enfrentavam um imenso desafio: desenvolver o processo de alfabetização com aulas a distância ou aulas híbridas. Para motivar os alunos e envolvê-los nas lives, precisavam de algo diferente, que chamasse a atenção e tornasse o aprendizado mais divertido e prazeroso. Então, criaram o projeto OFICINA PEDAGÓGICA, um conjunto de atividades lúdicas, como letras móveis, bingo de letras e sílabas, uso de massinha para a escrita, jogos digitais variados, e muitas outras propostas com brincadeiras que proporcionam descobertas.
Salientou a Thatiana que, com materiais simples que as crianças tinham acesso em suas casas ou em aulas mais sofisticadas montadas pelas professoras com os recursos digitais das plataformas e aplicativos (telas dinâmicas, coloridas e atrativas), os alunos participavam com entusiasmo das propostas sugeridas.
Nessas atividades, individuais ou em grupo, a professora nos esclareceu que os alunos são sempre os protagonistas: eles observam, comparam, concluem. E, quando em grupos, ocorre ainda a integração entre eles, pois se unem e se ajudam na busca de soluções e respostas. O aprendizado se torna coletivo e adquirido pelos próprios alunos, sendo a professora a mediadora e, por isso, o seu papel é de extremo valor.
Como ela enfatizou, as propostas lúdicas, das mais simples às mais elaboradas, precisam ter um claro objetivo didático, ou seja, quem orienta a oficina precisa saber o que deseja alcançar com aquela prática, para a atividade não se tornar uma simples brincadeira. Todas as oficinas aplicadas tinham uma finalidade: desenvolver a consciência fonológica e silábica, a coordenação motora, as hipóteses de leitura e escrita, entre outras habilidades.
Ela disse, ainda, que é preciso saber o momento certo de acessar os ricos recursos digitais, seja para resgatar algum componente didático que ficou defasado, seja para revisar o já assimilado e poder avançar no processo da alfabetização.
Ressaltou que o sucesso da OFICINA PEDAGÓGICA nas aulas on-line ou híbridas deveu-se também à participação da família, que exerceu o mesmo papel da professora, sendo mediadora, auxiliadora da criança no processo de Alfabetização. “Na Alfabetização, a família precisa participar ativamente. A família se ‘alfabetiza’ com a criança. E precisa ser assim, em todas as situações, mais ainda no caso de aulas remotas”, disse a Thatiana.
Os resultados da OFICINA PEDAGÓGICA se mostraram muito positivos, já que o conhecimento foi sendo adquirido livremente, com interatividade e autonomia. E ela destacou que esse projeto atingiu a meta principal: a elevação da autoestima dos alunos, que sentiram a sua própria evolução, o seu avanço nas hipóteses de leitura e escrita.
Depois, neste ano de aulas presenciais, o projeto de sucesso continua. Ela contou que, pelo menos três vezes por semana, os alunos do 1º ano participam de uma atividade da OFICINA PEDAGÓGICA. Eles aguardam com ansiedade porque adoram desafios e também a oportunidade de, em equipes, se sentirem integrados e participativos.
Case 2- PROJETO VOZ DO ALUNO
A professora Rejiane Vicentini Gabarra, de Educação Física, apresentou a sua experiência de sucesso com os alunos do Fundamental II e Ensino Médio do Piaget.
Em 2020, com as aulas a distância, eles estavam desmotivados, inseguros, fechavam a câmera, e muitos nem participavam. A professora percebeu que precisava atuar para melhorar essa situação. E, por acreditar na criatividade dos alunos, resolveu pôr em prática um velho sonho seu que era o de desenvolver um projeto em que eles fossem os protagonistas e organizassem e realizassem atividades segundo os seus interesses.
Começou se comunicando, em particular, com alguns alunos e convidando-os a formarem o grupo principal para chamarem os colegas e incentivá-los a participar do Projeto de Protagonismo VOZ DO ALUNO.
Assim, esses alunos fizeram uma ponte de relacionamento com os demais colegas e todos ficaram interessados. Iniciaram as atividades elaborando um logo para o projeto. Em seguida, abriram uma conta no Instagram para divulgarem os trabalhos que pensavam em criar.
BATALHA CULTURAL
A primeira ideia foi a criação da BATALHA CULTURAL, uma disputa on-line em que os alunos, do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, poderiam se inscrever em várias categorias, como: Look, Maquiagem, Gastronomia, Desenho e Música e Canto.
Os alunos elaboraram as regras, organizaram o formulário de inscrição e uma pasta no Classroom para os participantes enviarem seus vídeos (combinou-se que seriam vídeos curtos, editados em apenas 1 minuto).
Determinaram, ainda, que a votação para os vídeos seria também de modo on-line, e realizada pelos próprios alunos. E a disputa ocorreu em duas fases: na primeira, era escolhido um(a) aluno(a) entre dois; na fase final, escolhia-se o vencedor daquela determinada categoria.
A Rejiane ressaltou que o projeto estimulou os alunos. Eles se mostraram ativos, criativos, felizes com suas habilidades e potencialidades valorizadas e, consequentemente, mais seguros para enfrentar o tempo de distanciamento social e acompanhar as aulas on-line.
Ela contou que, neste ano, nas aulas presenciais, já ocorreu a 2ª edição desse projeto, com duas categorias novas: Esportes e Dança. E, para a avaliação, entraram como jurados professores e especialistas nas modalidades.
Houve progresso no interesse dos alunos. A professora Rejiane apresentou os números: na 1ª edição, 60 alunos se inscreveram; na 2ª edição, 77 alunos.
ENTREVISTA CULTURAL E TALENTO PIAGET
O segundo projeto idealizado pelos alunos, ENTREVISTA CULTURAL, é uma live que apresenta a entrevista com um artista ou uma pessoa de destaque do conhecimento deles.
Também são entrevistados alunos da escola que tenham alguma habilidade ou uma qualidade especial, formando o terceiro projeto: TALENTO PIAGET.
As entrevistas são todas organizadas pelos alunos e, depois de editadas, colocadas no Instagram.
Assim, são protagonistas os entrevistados, os entrevistadores e os alunos que montam o vídeo.
Case 3- OFICINA PEDAGÓGICA – VIRTUAL CLASSROOM
A professora Valéria, de Inglês, trabalha com os alunos pequenos da Educação Infantil do Colégio Piaget.
Ela contou o grande desafio que foi ministrar as aulas a distância para alunos de 2 anos. Foi uma história de dificuldades e superação.
Revelou que se sentiu insegura e despreparada para usar as ferramentas digitais que seriam a solução para a criação de aulas interessantes e que motivassem os alunos.
Mas a Valéria não esmoreceu. Procurou ajuda do departamento de Tecnologia da escola e também dos seus filhos adolescentes.
Conta que, pelo Google Classroom e Google Apresentações, foi produzindo suas aulas. E, conhecendo outros aplicativos, em pouco tempo dominou as ferramentas. Assim, pôde criar vários vídeos, animados, coloridos, interativos, que possibilitavam que as crianças (que já nasceram com habilidades digitais) clicassem nas figuras e, dependendo da escolha feita, abria-se uma determinada atividade ou jogo. Eram os seus Virtuais Classrooms, com telas em que ela inseria uma imagem ou paisagem, acrescentava personagens e demais elementos que precisasse explorar no momento.
A Valéria aprendeu e utilizou muita tecnologia, e comentou que elaborou seus próprios vídeos de acordo com os objetivos que queria alcançar. Até ela virou personagem, com o emoji dela mesma.
Segundo o relato dos pais, os pequenos adoravam as lives. Por isso, a professora Valéria concluiu que variar os recursos pedagógicos, principalmente com tecnologia digital, oferecendo interação e divertimento aos alunos, é o caminho para o SUCESSO.
Agora, quando as aulas são presenciais, embora alguns alunos ainda permaneçam com aulas a distância, os recursos digitais continuam sendo muito utilizados. E ela disse que essas produções de telas fazem parte da proposta da “PEDAGOGIA DA AUTONOMIA”, pois os alunos são PROTAGONISTAS no sentido de que têm a opção de caminho, liberdade de escolha, podendo clicar o que desejam ou lhes desperte interesse.
Palestrante convidado: PROTAGONISMO DISCENTE
Gilber Machado, cofundador da KUAU, empresa de Educação especializada em Projeto de Vida e Geração Z, e especialista em Orientação Profissional, abordou em sua palestra a NOVA ESCOLA que surgiu, pois precisou se reinventar para as aulas a distância, precisou usar e abusar das ferramentas digitais e também se tornar mais criativa, atrativa e prazerosa para os alunos.
Ele mencionou que essas “mudanças” pelas quais a escola passou trouxeram muitos aprendizados, principalmente para os gestores e o corpo docente. Os profissionais da Educação entenderam que as aulas devem ser diferentes, contextualizadas e interativas; que a empatia com os alunos é essencial para agregá-los; que o diálogo precisa ser constante; que os conteúdos socioemocionais têm de fazer parte da grade curricular; e o mais importante: que os alunos devem ser protagonistas.
Esclareceu que uma metodologia de PROTAGONISMO é dar visibilidade ao aluno, é colocá-lo em papel de destaque, é lhe dar voz. A escola, hoje, é o espaço do apoio, acolhimento, incentivo para o desenvolvimento das habilidades e potencialidade do aluno. Segundo o Gilber, por meio de projetos interdisciplinares e com o auxílio indispensável das ferramentas digitais, a escola necessita oferecer a oportunidade de os alunos atuarem, criarem, errarem, refazerem, organizarem e reorganizarem. Assim, eles formarão uma IDENTIDADE PROTAGONISTA, que irá prepará-los para a vida, num processo de verificação das próprias habilidades e também das dificuldades e limitações, com a certeza de que os desafios existem e sempre poderão ser superados.
Como exemplos de PROTAGONISMO DISCENTE, o palestrante mencionou que os alunos podem organizar a Festa Junina, o Evento Cultural, as Exposições dos trabalhos feitos nas aulas de Arte. A escola orienta, assessora, mas os alunos é que deverão pôr a mão na massa e lidar, inclusive, com a administração financeira se a atividade requerer.
Enfatizou, ainda, que a escola deve ensinar os alunos a pensarem da seguinte maneira: “Eu não sei sobre isto, mas posso enfrentar o desafio e aprender”. Disse que essa é a maior lição para a vida futura, pois mantém elevada a autoestima deles e a aceitação de que terão certas dificuldades, mas que poderão crescer, evoluir.
Por fim, ele mencionou que “as empresas, atualmente, não pedem pessoas prontas, e sim pessoas aptas a se prepararem”.