No dia 26 de agosto, ocorreu o InterAgir, um evento de troca de experiências entre o Piaget (Colégio e Sistema Multimídia) e os nossos parceiros — professores, coordenadores e gestores — das diversas escolas espalhadas pelo Brasil que trabalham conosco e são integrantes COMUNIDADE PIAGET.
Esse encontro anual compõe-se de palestras, oficinas, workshops, bate-papos, reflexões, sempre visando promover novas ideias e propostas educacionais.
Neste tempo de pandemia, o InterAgir ocorre de forma on-line. Desta vez, oferecemos aos nossos parceiros a possibilidade de entrarem em 5 SALAS TEMÁTICAS, cada uma delas com várias apresentações.
As SALAS TEMÁTICAS foram: Gestão Escolar, Tecnologia, Metodologias Ativas, Inteligência Emocional e Protagonismo Discente. Assuntos variados, mas todos eles abordando CASOS DE SUCESSO, ou seja, atitudes e atividades que tornaram possível o ensino-aprendizagem nas aulas a distância, depois nas aulas híbridas (revezamento de alunos em aulas na escola e aulas em casa) e, agora, nas aulas presenciais para a maioria dos alunos.
Vamos mencionar como foi o nosso InterAgir na SALA TEMÁTICA 4, com o tema centralizador “INTELIGÊNCIA EMOCIONAL”.
Case 1- MAPA MENTAL DAS EMOÇÕES + ONE MINUTE PAPER
A Orientadora Educacional do Colégio Piaget, Cíntia Negrini, ministra aulas de Orientação Escolar para as turmas dos 6os e 7os anos, e relatou duas práticas que desenvolveu com essas turmas e que são exemplos de sucesso.
Explicou que o objetivo da aula semanal de conteúdo socioemocional, que já consta da grade curricular dessas séries, é proporcionar aos alunos estratégias para que eles se conheçam, percebam seus sentimentos e detectem comportamentos positivos ou negativos decorrentes de suas emoções.
MAPA MENTAL DAS EMOÇÕES
Uma das atividades que ela desenvolveu com os alunos na época das aulas a distância foi o Mapa Mental das Emoções. Com o auxílio da plataforma MindMeister, uma ferramenta digital para criação de mapas mentais, ela nos contou que os alunos foram fazendo reflexões e registros sobre medo, raiva, saudade, solidão, tristeza, enfim, sentimentos muito comuns devido à pandemia e situação de isolamento social.
Essa estratégia possibilitou que eles acessassem seus sentimentos que queriam ocultar e expô-los aos colegas. Com muito cuidado, a Cíntia foi demonstrando que todos estavam sentindo as mesmas coisas e que não era errado nem vergonhoso sentir medo e raiva naquele momento tão difícil. Assim, sentindo-se mais integrados, conseguiram usar o MAPA MENTAL não só para apresentar seus sentimentos como também para colocar algumas soluções de como enfrentar tais problemas. Todos apresentaram propostas, como: ouvir música, conversar por teleconferência com um amigo ou parente, fazer ginástica…
E ela acrescentou que esse processo de “dialogar sobre sentimentos” ajuda muito o aluno a não se sentir sozinho, a se autoconhecer e criar formas de melhorar com relação às emoções negativas, afastando-as e tendo como objetivo encontrar o seu equilíbrio emocional.
ONE MINUTE PAPER
A segunda atividade de sucesso foi a dinâmica do One Minute Paper. Ela dura apenas um minuto e pode ser usada no início ou final da aula de qualquer disciplina, para conteúdos do currículo ou para abordar sentimentos e dificuldades socioemocionais da turma.
No caso da Cíntia, ela começou a fazer esta atividade nas aulas híbridas e continuou quando retornaram às aulas presenciais. E ensinou o procedimento: numa folha de sulfite dobrada em 4 partes, o aluno (de maneira anônima) faz uma pergunta. As folhas são levadas para outras classes, em que os alunos aleatoriamente, também em um minuto, respondem a uma pergunta. Assim, a folha vai rodando, de modo que, em determinado momento, ela chega ao próprio criador da pergunta com várias respostas diferentes.
Ela mencionou que os alunos ficam empolgados esperando ver as respostas. Mas também gostam de responder às perguntas dos seus colegas anônimos.
Destacou que o One Minute Paper foi essencial para os alunos compartilharem seus sentimentos depois de tanto tempo isolados pela pandemia e precisavam falar de seus problemas e ouvir aconselhamentos dos colegas. E concluiu que, hoje, numa fase difícil, com tantas mudanças e incertezas, o conteúdo mais importante a ser discutido com os alunos não é o cognitivo ou intelectual, e sim o emocional.
Case 2- MOVIMENTANDO SUAS EMOÇÕES: CONHECER, EXPLORAR E EXPRESSAR O QUE SE SENTE
Este caso de sucesso foi apresentado pela professora Renata de Jesus, do Colégio Aprendiz, que utiliza o material pedagógico do Sistema Piaget.
Ela contou que as crianças apresentavam resistência para entrar nas lives no início das aulas a distância. Então, a gestão e os professores entenderam que precisavam de muitas conversas com os alunos, mais escutando do que falando, para deixá-los desabafar e expor o que estavam sentindo. A comunicação tanto ocorria por live como por whatsapp.
Foi assim que surgiu o projeto SEMANA DAS EMOÇÕES. Durante uma semana, a cada dia, trabalhou-se uma emoção: alegria, raiva, tristeza, medo e gratidão. Portanto, um dia todo foi dedicado para se falar de um determinado sentimento: Como ele se manifesta?; Como podemos agir para amenizá-lo se o sentimento nos causa dor? Como fazer para senti-lo com mais frequência se é um sentimento positivo?; A quem pede ajuda nas dificuldades?.
As perguntas foram sugeridas e elas precisavam de respostas. Com muito carinho e diálogo, os alunos foram contando seus problemas e uns foram ajudando os outros. Perceberam, então, que todos estavam vivenciando emoções semelhantes e, portanto, não estavam sozinhos.
Além das conversas, todos os dias os professores passavam vídeos e colocavam músicas, sempre com referência à emoção que estava sendo abordada.
A professora Renata destacou que, no último dia da semana, que foi o “Dia da Gratidão”, os alunos se surpreenderam. Muitos não sabiam a importância de agradecer. Na verdade, todos aprenderam nesse dia: os profissionais da escola, os alunos e os pais. Viram que tinham muita coisa boa nas suas vidas para valorizar e agradecer. Houve choro, houve risos. Muita emoção, que só acrescentou aprendizado.
Para encerrar o projeto, a escola montou a “SACOLINHA DAS EMOÇÕES”, contendo elementos que simbolizavam cada dia da semana (chocolate, potinho da calma, marcador de livro, pequenos jogos, bexiga macia para amassar à vontade) e organizou um DRIVE-TOUR para as famílias passarem com seus filhos, pegar os presentinhos e rever, a distância, os professores. As famílias reagiram muito bem ao convite e apareceram com seus carros enfeitados e trazendo flores e cartinhas das crianças. Foi uma troca de presentinhos e de carinho.
E, emocionada por lembrar dessa semana de sucesso, a Renata concluiu dizendo que tudo melhorou, e que dali em diante os alunos participaram com maior interesse das aulas on-line. E acrescentou que, mesmo agora com as aulas presenciais, as conversas sobre as emoções passaram a ser frequentes.
Case 3- ENTENDENDO MINHAS EMOÇÕES
Raquel Said, professora de Língua Portuguesa do Colégio Piaget, relatou sua experiência de sucesso com os alunos dos 6os e 7os anos, durante os meses de aulas a distância.
Percebendo que eles estavam receosos e desanimados para estudar de modo on-line, e analisando seus próprios sentimentos de preocupação com a situação de pandemia, resolveu se abrir com os alunos, ou seja, ela começou a falar de como se sentia para que recebesse de volta a fala deles.
Para ela, era evidente que precisava ouvir seus alunos. Então, criou o projeto “ENTENDENDO MINHAS EMOÇÕES”. Diariamente, antes de começar o conteúdo, na live, havia um tempo para um bate-papo sobre as emoções. Aos poucos, eles foram perdendo a vergonha de se expor e todos começaram a participar. Essa troca de sentimentos chegou também às famílias, sendo que várias delas participavam desse início da aula da professora e, às vezes, os pais se manifestavam contando o que estavam sentindo.
A professora Raquel comentou que sua aproximação com os alunos se tornou intensa, gerando uma verdadeira amizade. Ela procurava passar a eles uma mensagem positiva de superação e de que era possível tirar lições importantes mesmo de momentos difíceis.
Os alunos já sabiam que haveria um momento de troca, de desabafo e de carinho, e, depois, assistiam à aula mais motivados.
Até nas produções de texto a Raquel permitia que eles escrevessem livremente sobre eles mesmos e, se quisessem, podiam ler para os colegas.
Para se divertirem um pouco, ela combinou com os alunos que no final da semana, teriam as SEXTAS TEMÁTICAS. Empolgados, eles e a professora improvisavam uma vestimenta conforme o tema: bicho, pijama, breguice, rock. Também em algumas sextas estudavam fazendo piquenique, com o tema “Sexta da Gordurice”.
Ela finalizou dizendo sobre o quanto foi importante a afetividade, o entendimento do que os alunos e suas famílias estavam passando para que as aulas pudessem ter continuado. E revelou que, agora, nas aulas presenciais, ainda desenvolve essa prática de ouvi-los primeiro, de conversar um pouco, para só depois começar o conteúdo.
Palestrante convidada: INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Mírian Rainha, pedagoga, psicopedagoga e especialista em Gestão Educacional, abordou o tema INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, que ela classificou como sendo uma capacidade fundamental para o SUCESSO na vida pessoal e profissional.
Mencionou que muitas vezes nos preocupamos em adquirir habilidades técnicas, intelectuais, cognitivas, e nos esquecemos de que os relacionamentos interpessoais são muito importantes em qualquer ocasião, ou seja, precisamos também aprender a lidar com nossas emoções, controlando os impulsos e as decisões irrefletidas. Disse que conhecer e controlar as emoções é uma prática saudável que nos liberta de sermos vítimas de erros comportamentais, de geração de conflitos e desentendimentos, e de posteriores arrependimentos. Os chamados “gatilhos emocionais” conduzem-nos ao fracasso profissional e à infelicidade, mesmo se possuirmos alta capacidade em nossas funções.
Segundo a Mírian, saber se relacionar interpessoalmente, ter empatia e equilíbrio emocional é de extremo valor. Sem controle emocional, não conseguimos lidar com as dificuldades da vida. As emoções exercem influência nas decisões, nos relacionamentos em geral. Mas quando conseguimos pensar, agir de forma consciente, tendo domínio das nossas ações, possuímos a INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.
Ela fez questão de ressaltar que a tão necessária e desejada INTELIGÊNCIA EMOCIONAL pode ser desenvolvida, principalmente quando se inicia o aprendizado dessa habilidade bem cedo. E parabenizou as escolas que estão dando cursos ou elaborando projetos socioemocionais com as crianças e adolescentes, levando-os a adquirirem o hábito da reflexão sobre os seus sentimentos e atitudes, o autoconhecimento e a autoestima.
Concluiu dizendo que, nesse sentido, a Educação pode ser transformadora, pois, no futuro, teremos adultos mais saudáveis e com melhor resolução de suas questões emocionais.