Quem não vivenciou momentos inesquecíveis nas brincadeiras da escola, envolvendo risadas com os amigos, pular, correr, jogar, vencer desafios com o corpo e a mente, sem se preocupar em cair e se machucar, se sujar ou saber o que estava acontecendo além do muro da escola? Ah, como éramos inocentes! Por trás dessas brincadeiras, quantos aprendizados e desenvolvimento corporal tivemos sem saber, mas tão planejados por nossos professores! Cada jogo, cada brincadeira tinha um objetivo de aprendizagem, alguma habilidade a ser desenvolvida, uma observação com olhar de carinho do professor para saber como estavam nossos movimentos corporais e a nossa socialização com amigos, até mesmo quando brincávamos livremente no parque ou no pátio. O tempo passou rápido e hoje vemos nossos filhos passando por momentos iguais. Vão para a escola e, quando voltam para casa, perguntamos o que fizeram lá e respondem um simples “brincamos”. Às vezes, não entendemos o fato de ir à escola para brincar.
A linguagem do brincar, por sua vez, atua no campo do simbólico e permite às crianças pensarem de maneira autônoma, desenvolvendo a confiança nas próprias capacidades e expressando-se de forma autoral.
O processo lúdico se faz necessário, pois as crianças na Educação Infantil ainda estão em desenvolvimento tanto neurológico como físico, e as brincadeiras colaboram para que elas evoluam de modo saudável e prazeroso.
As reformulações educacionais da BNCC
Como todos sabem, o nosso país está passando por grandes reformulações educacionais com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), trazendo oficialmente objetivos e direitos de aprendizagens para todos os alunos, inclusive os da Educação Infantil. Nesse documento, um dos direitos de aprendizagem dos alunos é o brincar na escola. Isso porque, por meio da brincadeira, a criança estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente. Assim, os benefícios que o brincar proporciona ao ensino-aprendizagem infantil são inumeráveis. Segundo Lauro de Oliveira Lima (pedagogo brasileiro, conhecido pela sua atuação política na educação e pelo desenvolvimento do Método Psicogenético, estruturado a partir da Epistemologia Genética de Jean Piaget), o brincar não significa apenas recrear, é muito mais. Caracteriza-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida. Assim, por meio do brincar, a criança desenvolve capacidades importantes, como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação. Ainda propicia à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade, como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade.
Então, podemos dizer: como é bom ser criança e ter a oportunidade de brincar na escola sem se preocupar. E quando nós, adultos, ouvirmos dos nossos filhos que hoje brincaram na escola, devemos pensar: “Como ele é feliz, como ele aprendeu hoje na escola”. E dar-lhe um grande sorriso para que ele saiba que está fazendo o que é correto.